Saúde sexual masculina e feminina


A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde sexual como sendo “Um estado físico, mental, um bem-estar social em relação à sexualidade, exigindo uma abordagem positiva e respeitosa com a sexualidade, com as relações sexuais, bem como com a possibilidade de se ter prazer e experiências sexuais seguras”

De acordo com a OMS (1998), a satisfação sexual é um dos aspectos considerados necessários para qualidade de vida. A alta prevalência de transtornos sexuais, evidenciada por alguns estudos internacionais e o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, envolvendo mais de sete mil pessoas de todas as regiões do país (ABDO, 2004), indica a possibilidade de haver um problema de saúde pública ou diagnósticos baseados em um desconhecimento da correta fisiologia e das relações afetivas que influenciam na resposta sexual humana.

Nos Estados Unidos, dez a vinte milhões de homens têm algum grau de disfunção erétil. Esse estudo evidencia que disfunção erétil pode estar associada, como causa e/ou consequência, a problemas psicológicos, à piora na qualidade de vida, à baixa autoestima, ao aumento da incidência de depressão e a problemas interpessoais e também pode estar relacionada ao transtorno do desejo sexual hipoativo.

Sexo é um comportamento motivado, um impulso interior que leva o indivíduo a escolher um parceiro sexual, realizar inúmeros comportamentos para conquistá-lo e concretizar atos sexuais prazerosos. Esses comportamentos têm uma dimensão claramente biológica (reprodução), mas também podem ser motivados pela busca do prazer.

Kaplan (1983) comparou sexo a outros impulsos e apetites que constituem a sobrevivência do indivíduo e afirmou em 1999 “que a anatomia e fisiologia da fome e da motivação sexual são análogas em vários aspectos” mostrando a importância que precisamos dar para a Sexualidade Humana para mantermos uma boa qualidade de vida.

Os transtornos do desejo demonstram evidências de que há um grupo de mulheres que reportam mais de uma dificuldade sexual onde relatam falta de interesse pelo sexo. Mas nem toda falta de desejo é transtorno sexual, pois situações ou dificuldades transitórias influenciam o desejo sexual, podendo ser decorrente de aspectos emocionais, psicológicos e afetivos.

Fato curioso é que, para casos de indivíduos que buscam tratamento para o transtorno do desejo sexual hipoativo no consultório, o percentual é de 50% para o sexo masculino e 50% para o sexo feminino (Kaplan, 1999). Uma possível explicação para isso poderia ser a de que os homens tendem a buscar tratamento quando sentem que o problema sexual afeta a ereção. Ou seja, queixam-se de disfunção erétil quando, na realidade, apresentam transtorno do desejo.

Além das queixas sobre o desejo serem frequentes, a definição, o diagnóstico, as implicações biológicas do transtorno do desejo ainda não estão esclarecidas. Segundo Kaplan (1999), “Ao nível das experiências subjetivas, o desejo sexual ou sensualidade é uma necessidade que impele homens e mulheres a procurar, iniciar e/ou responder à estimulação sexual. Mas o desejo não é apenas uma sensação subjetiva nem, meramente, um evento mental. O desejo sexual é um estado motivacional ou impulso [drive] que é gerado no cérebro por processos neurofisiológicos específicos” (KAPLAN, 1999).

Isto é, pode-se considerar que o aparelho regulador do sexo no cérebro é, de certo modo, ainda uma “caixa preta”. Mas também que é sim, e sem dúvida influenciada pelo afeto, pelo encontro, pelo atendimento das expectativas emocionais do casal, pelas experiências infantis de amor recebido ou não pela família de origem e tantos outros fatores.

A Saúde Sexual Feminina e Masculina, depende de um olhar atencioso, amoroso e afetivo para ser compreendida, mesmo que a origem da disfunção sexual ou a ausência de saúde sexual tenha origem cerebral, ainda assim, precisaremos de amor para aceitar e lidar com ela de forma saudável.